História do bairro


Queima-Sangue é um bairro do município de Paraíba do Sul, interior do estado do Rio de Janeiro. Faz parte do 2º distrito da cidade. Sua história, apesar de curta, é significativa e está interinamente ligada ao Ciclo do Ouro e o Caminho Novo. Agregando as localidades que lhe fazem parte, possui aproximadamente 2.200 moradores, de acordo com o IBGE no Censo de 2010.
            Por volta de 1698 a 1704, Garcia Rodrigues Paes abriu o Caminho Novo, que ligava o Rio de Janeiro até às Minas Gerais. Este caminho, conhecido hoje como Estrada Real, tinha como objetivo facilitar a logística de pedras preciosas que eram enviadas a Portugal para abastecer a Coroa Portuguesa.
            E é neste importante momento da história brasileira que Queima-Sangue se encaixa. O bairro começou a ser criado após se tornar um ponto de parada dos tropeiros, pessoas que levavam o ouro através de muares.
            Quando os tropeiros passavam por Paraíba do Sul, eles fizeram de Queima-Sangue um ponto de parada para se abrigarem e aproveitaram o local para cauterizar as feridas das mulas e cavalos que utilizavam para transportar o ouro. Por isso, o bairro ganhou o nome de Queima-Sangue, pois neste local era queimado o sangue dos animais para cicatrização. Segundo historiadores, o local exato deste ponto de parada é onde hoje está localizada a Praça Sebastiana Nunes.
            Neste mesmo período, o país era movido pela mão de obra escrava. Em Paraíba do Sul, havia 22 mil escravos nesta época. Muitos deles trabalhavam na plantação de café, cana-de-açúcar, milho e outros produtos no bairro Queima-Sangue e em fazendas localizadas nas Marrecas.
            A história do bairro Queima-Sangue também tem ligação com o mártir da Inconfidência Mineira, Tiradentes. Em 1781, a Rainha Dª Maria I nomeou Tiradentes como comandante do Caminho Novo. Esse trajeto era percorrido por ele e sua patrulha, mas não fazia abrigo em Queima-Sangue, pois se hospedava em Sebollas na fazenda de sua conterrânea Dona Ana Mariana Barboza Teixeira de Mattos, que também defendia suas causas libertarias. 
            Em 1842, Duque de Caxias acampou com suas tropas na Pedra da Tocaia (um dos maiores patrimônios naturais da cidade), que mede aproximadamente 800 metros de altura. Ele estava a caminho de Minas Gerais com o intuito de evitar uma das inúmeras rebeliões que aconteceram na época. Da cumeada da pedra, Duque de Caxias observou com seu binóculo os rebeldes ateando fogo na Ponte da Madureira, na fronteira do Rio de Janeiro com Minas Gerais. Após ver a cena, ele migrou até a ponte e conseguiu evitar a rebelião.
            A história também revela que existia um bandoleiro chamado Manoel Henriques. Ele era um fidalgo de muitas posses em Portugal, país onde nasceu, mas veio para o Brasil para se tornar um bandido. O ouro que vinha de Minas Gerais pela “Estrada Real” e seria transportado para Portugal era furtado por Manoel e sua quadrilha, que ficavam de tocaia na “Pedra da Tocaia” aguardando as caravanas que vinham com ouro. Após assaltarem os tropeiros, eles levavam as pedras preciosas e escondiam na Pedra da Tocaia, o que defende o mito que até os dias atuais a existe ouro no local e que é vigiado pela “Mãe do Ouro”, um mito muito conhecido também na região Centro Oeste do Brasil.

            Hoje, o bairro Queima-Sangue se destaca por seus moradores trabalhadores, por ser um bairro pacífico, interiorano, com belezas naturais, harmonioso, com empresas e produção agrícola. Sua história deve ser motivo de orgulho, reconhecimento e valorização.

Por André Salgueiro
Estudante de Geografia - Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ
Com dados fornecidos por Luiz Carlos Coelho - Historiador
Imagens do acervo da Estrada Real - Minas Gerais
Reprodução do Ciclo do Ouro

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